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- Paulo A. Meyer M. Nascimento
Abstract
Este texto busca sistematizar o debate sobre escassez de força de trabalho qualificada e sintetizar as evidências surgidas no Brasil nos últimos anos sobre o tema. É apresentada revisão da literatura internacional a respeito da escassez de trabalho qualificado, é discutida a produção recente que investiga – a partir de métodos e bases de dados variados – sinais de carência ou não de força de trabalho qualificada no Brasil e é proposta uma interpretação das evidências disponíveis. Argui-se que não há índicos concretos para afirmar que tenha havido “escassez generalizada de mão de obra” na primeira década do século XXI no Brasil. Não é afastada, contudo, a possibilidade de ter havido – e ainda persistirem – dificuldades de preenchimento de vagas em algumas situações. Setores que experimentem forte crescimento em curto período de tempo costumam enfrentar problemas para contratar pessoal qualificado, podendo ter sido este o caso da construção civil nos anos recentes ou da indústria naval. Postos de trabalho para funções que exijam competências muito especializadas também podem por vezes ser de difícil preenchimento, bem como os que requerem atributos como experiência ou liderança e os que se proliferem em regiões distantes dos grandes centros, a reboque de algum investimento de grande porte – por exemplo, a construção de uma hidrelétrica ou a instalação de uma nova planta industrial. Não se deve perder de vista, contudo, que estes problemas tendem a resolver-se em prazos relativamente curtos, quer seja pelos próprios mecanismos de mercado, quer seja por novas conjunturas econômicas, quer seja por regulações bem-sucedidas, quer seja pela oferta de cursos profissionalizantes. Iniciativas de longo prazo deveriam paulatinamente focar mais na melhoria da qualidade do que da quantidade de oferta educacional, em todos os níveis – dado que a baixa qualidade do sistemaeducacional brasileiro compromete a qualidade da mão de obra e o crescimento de sua produtividade, seja ou não período de escassez. Delimitar bem o problema é importante para reduzir os riscos de implementar políticas pouco adequadas. This paper presents an international literature review on qualified labor shortage and summarizes recent evidence on this topic in the context of Brazilian labor markets. An interpretation is provided on the extent of this problem in Brazil in the 2000s. It does not seem to be the case that a general workforce shortage took place in Brazil in that period – at least not among the more educated workers. Nonetheless, some mismatch may have occurred. The problem might have affected specific industries experiencing strong and fast growth back then, as well as those highly dependent on less educated workforce. Moreover, difficulties to fill vacancies may have emerged due to some possible developments not directly related to the lack of individuals with minimal credentials available in the labor market. In a decade of high levels of employment, Brazilian firms seem to have foreseen some lack of soft skills (e.g. leadership) and of other non-education-related attributes (e.g. large experience) as a sign of general workforce shortage. Vacancies requiring highly specialized skills, as well as those available far from major urban centers as a result of new investments, common in years of higher economic growth, may have intensified the perception of a general shortage. However, these are usually short run mismatches and are likely to be solved rather by customized short courses and/or market and regulation mechanisms than by increasing graduate flows. Long run initiatives should be more focused on improving all levels of the currently low-quality Brazilian education system – which affects the performance of the workforce and their productivity at all times, whether or not quantitative shortages are likely to take place. Delimitating the problem accurately is important to avoid inappropriate policy targeting.
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