Author
Abstract
O presente trabalho procura relacionar alguns aspectos de duas políticas importantes: a política monetária e a política de crédito rural. Procura fazer uma revisão da literatura nessa área e alinhar fatos e decisões recentes que introduziram modificações em ambas as políticas, ressalta o caráter de ligação estreita entre as políticas, evidenciando que determinadas ações sobre uma têm repercussões sobre a outra. O recrudescimento da inflação evidenciou a necessidade de uma revisão na política monetária, com a adoção de uma postura mais restritiva. Nesse mesmo período, exacerbou-se a discussão acerca do subsídio ao crédito rural, que atingiu todos os setores econômicos do país. Por ter sido julgado "excessivo", o crédito rural foi atingido por uma política de cortes seletivos nas suas dotações de recursos. Este trabalho procura mostrar aspectos da política monetária e do crédito rural que invalidam a tese de cortes seletivos no crédito. O relativo sucesso da política monetária depende de um universo de forças muito mais complexo. A política de crédito rural objetivou a mudança tecnológica na agricultura e foi bem-sucedida. Sua expansão decorreu, em larga medida, de profundas transformações na agricultura, que passou a depender de intermediação financeira. Ao mesmo tempo, políticas de preços de produtos agrícolas, que discriminaram contra o setor primário, aceleraram o processo de transferência de capital da agricultura. E, o que é também importante, esse crescimento do crédito rural foi consentido, sendo ação deliberada das autoridades monetárias. Este trabalho procura defender a tese de que os cortes seletivos de crédito devem ser evitados ou, pelo menos, acomodados em período maior de tempo. As políticas de controle de demanda agregada - através de uma política monetária contracionista - e as políticas de controle da oferta agregada -através do policiamento de custos, preços, com tabelamentos e impostos implícitos de exportação por terem sido administradas ex-abrupto têm gerado incerteza na agricultura. E, na medida em que a agricultura reage à incerteza, não contribui para reduzir, senão exacerba, a inflação. Na primeira parte do trabalho, procurou-se apresentar a principal crítica ao crédito rural, como fator expansionista e como fator de endogeneização da base monetária. Outras críticas são ainda apresentadas. Uma preocupação, nesta parte, foi procurar relatar fatos que conduziram a uma mudança de orientação na política monetária e seus efeitos, através de cortes acentuados no crédito rural. Finaliza, assinalando as desvantagens para o setor agrícola de uma política monetária restritiva que não procure acomodar mudanças em período de tempo maior. A segunda parte discute, ainda que brevemente, as principais características da política monetária tal como é conduzida pelas autoridades monetárias. Apresenta também o orçamento monetário e as principais características das contas mais importantes do orçamento. A preocupação, nesta parte, é evidenciar a complexidade de forças, internas e externas à economia, que atuam no sistema monetário, colocando o crédito rural, tanto quanto possível, em sua dimensão própria. Na terceira parte, apresenta-se um acompanhamento das principais contas do orçamento, das contas de crédito rural e de preços mínimos, no período 1972/ 1977. Procuram-se avaliar as magnitudes relativas das contas dentro do orçamento. Faz-se ainda um breve retrospecto dos principais fatos que nortearam a condução das duas políticas no período. E na quarta parte procura-se dar alguma informação acerca das contas que estariam pressionando a base monetária. O trabalho termina com uma discussão da controvérsia acerca do subsídio ao crédito rural. Discute-se, basicamente: (a) o crédito rural e a indução de tecnologia; (b) a incidência do subsídio ao crédito; (c) o risco e a concentração do crédito; (d) o crédito rural dentro de uma perspectiva de transferência de capital da agricultura.
Suggested Citation
Lopes, Mauro de Resende, 1979.
"Política Monetária E Crédito Rural,"
Brazilian Journal of Rural Economy and Sociology (Revista de Economia e Sociologia Rural-RESR), Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, vol. 17(1), pages 1-32, March.
Handle:
RePEc:ags:rdecag:253646
DOI: 10.22004/ag.econ.253646
Download full text from publisher
Corrections
All material on this site has been provided by the respective publishers and authors. You can help correct errors and omissions. When requesting a correction, please mention this item's handle: RePEc:ags:rdecag:253646. See general information about how to correct material in RePEc.
If you have authored this item and are not yet registered with RePEc, we encourage you to do it here. This allows to link your profile to this item. It also allows you to accept potential citations to this item that we are uncertain about.
We have no bibliographic references for this item. You can help adding them by using this form .
If you know of missing items citing this one, you can help us creating those links by adding the relevant references in the same way as above, for each refering item. If you are a registered author of this item, you may also want to check the "citations" tab in your RePEc Author Service profile, as there may be some citations waiting for confirmation.
For technical questions regarding this item, or to correct its authors, title, abstract, bibliographic or download information, contact: AgEcon Search (email available below). General contact details of provider: https://edirc.repec.org/data/soberea.html .
Please note that corrections may take a couple of weeks to filter through
the various RePEc services.